A cirurgia bariátrica é um tipo de tratamento que consiste hoje na única forma eficaz a longo prazo para perda de peso para os pacientes portadores de obesidade severa.
O principal objetivo da cirurgia é o ganho de saúde, sendo o aspecto estético importante, porém secundário quando se busca esse tipo de tratamento. Ao buscar uma cirurgia bariátrica o paciente tem que ter em mente que é necessária uma modificação no estilo de vida que o leve a realizar atividades físicas e dieta.
Não existe nenhuma cirurgia bariátrica em que o paciente possa comer de tudo e não engorde novamente. A obesidade é uma pandemia do século XXI e possui origem em diversos fatores como genéticos, alimentares, comportamentais (sedentarismo) e psicossociais.
De acordo com normas instituídas pelo CFM (Conselho Federal de Medicina), os pacientes com IMC maior que 30kg/m2 e diabetes tipo 2; IMC maior que 35Kg/m2 com doenças associadas a obesidade como: hipertensão arterial sistêmica, diabetes tipo 2, apneia do sono, colelitíase (pedra na vesícula), apneia do sono, doença do refluxo, infertilidade feminina, síndrome dos ovários policísticos, dentre outras podem ser candidatos ao procedimento. Ou aqueles pacientes com IMC maior que 40Kg/m2 com ou sem as doenças acima citadas.
A maior parte dos pacientes obesos mórbidos falham em seus tratamentos clínicos e possuem o chamado “efeito sanfona” que por si só já é deletério e causa problemas ao longo da vida do paciente. O IMC consiste em dividir o peso (em quilos) pela altura (em centímetros) e depois dividir o resultado pela altura novamente.
Para o diagnóstico da obesidade são utilizados o IMC e exames complementares como a bioimpedância (realizada no próprio ICD) ou Dexa-Scan.
Os pacientes candidatos a cirurgia bariátrica /metabólica precisam seguir determinadas exigências determinadas pelo Conselho Federal de Medicina, dentre estas destacamos:
• Índice de Massa Corpórea superior a 30Kg/m2 com associado ao Diabetes Tipo 2 de difícil controle (Cirurgia Metabólica);
• Índice de Massa Corpórea superior a 35Kg/m2 com doenças associadas à obesidade e que melhoram com a cirurgia;
• Índice de Massa Corpórea superior a 40kg/m2 com ou sem doenças associadas;
• Peso estável há pelo menos 2 anos;
• Tentativas de perda de peso com, pelo menos, 2 anos de acompanhamento com profissional médico ou nutricionista;
• Ausência de contra-indicações médicas ou psiquiátricas para a cirurgia.
Abaixo segue alguns exemplos de cirurgias bariátricas. Há diversos métodos. Procure um especialista para saber qual o mais indicado para o seu caso. Antes de realizar qualquer procedimento bariátrico o paciente precisa saber se o profissional que o assiste está habilitado para realizar o procedimento e também precisa tomar conhecimento de todos os riscos e benefícios da cirurgia, além de se comprometer a modificar seu estilo de vida continuamente. Para entender melhor os procedimentos seguem alguns exemplos.
Esta cirurgia é um procedimento cirúrgico que auxilia na perda de peso, restringindo a quantidade de alimento que o estômago pode armazenar e reduz significativamente a fome na maioria dos pacientes.
A gastrectomia vertical tem funções tanto restritivas (diminuindo a capacidade alimentar) quanto metabólica (alterando hormônios que regulam a digestão, o metabolismo e o apetite), dessa forma, apesar de não haver mudança do trajeto dos alimentos no trato gastrointestinal que pode interferir com a absorção de nutrientes, existe uma diminuição da capacidade do estomago e diminuição nos níveis dos hormônios da fome, o que leva ao efetivo emagrecimento.
Ao contrário da abandonada técnica de banda gástrica ajustável (hoje em desuso pela sua ineficácia) a gastrectomia vertical não envolve o implante de qualquer objeto estranho no corpo. A gastrectomia vertical apenas reduz o tamanho do estômago pelo fato de remover cerca de três quartos do seu volume.
Depois de operados, os pacientes não são capazes de comer muito de cada vez, de modo a alcançar o sucesso no emagrecimento e manter uma nutrição adequada, devendo aprender a escolher os alimentos de alta qualidade e comer mais devagar. É necessário ter pequenas mordidas, mastigar tudo muito bem, e evitar beber durante as refeições.
O sleeve gástrico tem perda de peso similar à cirurgia de bypass gástrico no médio prazo.
A gastrectomia vertical (sleeve) beneficia pelo fato de induzir perda de peso sem alterar o trânsito intestinal, além disso trata-se de um procedimento que altera hormônios que induzem o apetite. O sleeve gástrico pode ser convertido em uma cirurgia de by-pass caso haja reganho de peso. As cirurgias de manga gástrica são realizadas por videolaparoscopia, o que leva a uma recuperação mais rápida e com menores complicações.
A cirurgia de gastrectomia vertical possui as mesmas indicações que as de todas as cirurgias bariátricas (IMC maior ou igual que 35Kg/m2 com comorbidades ou IMC maior ou igual que 40Kg/m2). Estão sendo realizados estudos para realizar este procedimento em paciente com IMC entre 30 e 35Kg/m2.
São os riscos de qualquer cirurgia que envolvem grampeamento, sim, a cirurgia de sleeve utiliza grampos especiais de titânio para acelerar o procedimento. Os principais riscos são as fístulas (aberturas dos grampos) e sangramento. Do ponto de vista nutricional, o risco de desnutrição é menor que dos procedimentos que envolvem disabsorção como by-pass gástrico.
É extremamente variável podendo variar entre 35 e 90Kg. Porém o que se espera é o paciente perca em torno de 65 – 80% do excesso de peso.
Virtualmente o paciente pode comer de tudo, porém deve reaprender a mastigar e evitar refeições de grande volume, além disso devem se manter afastados de comidas e bebidas com açucares ou hipercalóricas.
Sim, caso coma refeições com grande volume ou com muito líquido, pode haver dilatação do estômago e reganho de peso.
Apesar de ser procedimento liberado pelo Conselho Federal de Medicina, os dados preliminares mostram eficácia de manutenção de perda de peso em torno de 75% em 5 anos. Estudos de seguimento realizados em 2018 compararam a técnica de sleeve com a de bypass gástrico com derivação em Y de Roux, encontrando-se resultados muito parecidos quando se compara a perda de peso.
A cirurgia bariátrica chamada de bypass gástrico com derivação em Y de Roux é extremamente bem estudada com resultados consagrados no longo prazo. É uma técnica muito eficaz para o tratamento da obesidade severa associada a doença do refluxo, hipertensão e diabetes mellitus do tipo 2. Isto é, a maior parte dos pacientes que possuam obesidade associadas a essas doenças poderão ter um excelente resultado com o bypass gástrico. A cirurgia é feita preferencialmente por videolaparoscopia.
Através dessas pequenas incisões são feitos os grampeamentos e anastomoses (emendas) necessárias para se completar a cirurgia.
O bypass gástrico faz com que a maior parte do estômago seja excluído do trânsito da comida, daí a cirurgia se chamar bypass (significa desvio e, inglês), porém ao contrário do que muitos pensam o estômago não é retirado do abdome, ele fica com o paciente sem participar diretamente do processo digestivo.
O “novo” estômago é apenas uma pequena parte do total da câmara gástrica medindo cerca de 80 ml e é criada uma nova ligação entre este novo estômago e o intestino delgado.
Além disso é feito um desvio de cerca de 2 metros no intestino delgado o que leva ao componente disabsortivo quer dizer que do pouco que você come, uma parte não é completamente absorvida, daí a necessidade de vitaminas para toda a vida.
A taxa de sucesso deste procedimento se situa em torno de 85% nas melhores séries de estudo, isto quer dizer que a grande maioria dos pacientes conseguem perder peso e manter esta perda no pós-operatório.
Embora não seja frequente o reganho de todo o peso, após 2 anos existe uma tendência a estabilização do peso e um leve reganho de peso, é o chamado fim da fase de lua-de-mel. Por envolver questões complexas como genética e comportamento, o paciente mesmo no pós-operatório deve manter dieta e exercícios, já que poderá ganhar peso após alguns anos de operado. A cirurgia não faz milagre e o paciente precisa fazer sua parte.
Sim, mas não deve. Após os primeiros meses da cirurgia, o paciente poderá comer praticamente todos os alimentos, porém como fez a cirurgia para emagrecer, deve ficar longe de comidas muito calóricas como doces e açúcares refinados, massas, refrigerantes, bebidas alcoólicas e gorduras. Uma nutricionista o acompanhará por toda a vida, bem como a equipe cirúrgica e o seu psicólogo.
Os grampos são feitos de titânio e possuem mais de uma fileira de cada lado para conferir maior segurança. A linha de grampos pode se romper por uma série de fatores (falha de cicatrização, excesso de alimentos ingeridos pelo paciente, falha de um dos grampos) e quando isto ocorre aprece o que é conhecido como fístula, uma condição grave. Felizmente essas complicações ocorrem em menos de 1% nas grandes séries de estudo.
Sim, caso coma refeições com grande volume ou com muito líquido, pode haver dilatação do estômago e reganho de peso.
Sim, uma rotina de exercícios deverá fazer parte de sua vida para sempre.
Paciente operados possuem uma menor mortalidade a longo prazo. Isso quer dizer que o risco de permanecer obeso, a longo prazo, é maior que o risco da cirurgia. Os pacientes obesos que usam medicações orais para o controle do diabetes possuem na cirurgia uma forma melhor de controlar esta doença e em um grande número de pacientes há a suspensão por completo da medicação. A pressão arterial também é normalizada na maior parte dos pacientes no pós-operatório. Há uma importante melhora na qualidade de vida, na apneia do sono, na capacidade para realizar exercícios e na estética.
Em nenhum momento o objetivo da cirurgia deve ser puramente estético, apesar de ser um dos fatores importantes, o objetivo principal da cirurgia deve ser sempre a obtenção de um melhor padrão de saúde e de qualidade de vida e para que haja uma reeducação alimentar e modificação do estilo de vida.
Mantendo uma rotina de exercícios, seguindo a dieta, tomando os suplementos vitamínicos, e mantendo um acompanhamento correto no pós-operatório.